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Café de Flore – O mais mítico dos cafés de Paris

Conheça mais sobre a história da Café de Flore, entenda sua importância

O Café de Flore provavelmente não existiria senão fosse as dezenas de escritores que passaram por suas portas, dia após dia, ano após ano.
Por quase cinqüenta anos, este lugar foi o local de encontros literários, debates filosóficos e devaneios artísticos.

Um café como outro qualquer

Para começar, é preciso dizer que, nos primeiros anos, o café não tinha uma grande importância. Era apenas um café como outro qualquer e não atraia muitas pessoas. É provavelmente por isso que não sabemos a verdadeira data de abertura do local. 1884, 1885, 1887 ? O ano de 1885 será escolhido mais tarde. Talvez para coincidir com a abertura do seu vizinho e concorrente de longa data, Les Deux Magots.

Nacionalista de extrema-direita

Em todo caso, depois de aproximadamente dez anos de existência o café de Flore começará a se tornar um lugar importante em Paris. Os arredores da Igreja de Saint-Germain-des-Prés são frequentemente relacionado a conglomerados de esquerda, era também um reduto da Ação Francesa, grupo nacionalista e extrema-direita, e são eles ocupam o café em primeiro lugar.

Era ali que, na virada do século XX,  Charles Maurras e seus camaradas, se reuniam para fomentar seus próximos golpes políticos. Foi também lá, no primeiro andar, que escreveram o primeiro número do boletim mensal da Ação Francesa, em 1899.

 

Os primeiros surrealistas do pós-guerra

Foi apenas nos últimos momentos da Primeira Guerra Mundial o café de Flore começou a atrair artistas. Guillaume Apollinaire, em 1917 foi o primeiro a instalar-se junto ao aquecedor pela manhã e passar o dia lá. Além de escrever seus livros, também trouxe seus amigos: André Breton, Paul Réverdy, Louis Aragon e Paul Éluard.

Enquanto Montparnasse e Montmartre ainda eram os lugares preferidos dos artistas radicados em Paris, afirma-se que foi ali no Café de Flore que iniciou-se a “revolução surrealista”.

A Ocupação e a Idade de Ouro do Café de Flore

Os surrealistas acabaram por desertar nos anos seguintes e já no final da década de 1930, em um ambiente que ninguém esperava, o café de Flore encontrou sua nova vida.

Escritores e artistas parisienses sempre freqüentaram cafés, não para pela vida social, mas principalmente para encontrar um lugar mais agradável e aquecido do que seus minúsculos apartamentos. Foi 1939, que o novo gerente do café de Flore teve a brilhante idéia de instalar um aquecedor a carvão maior e mais potente para aquecer estabelecimento.

Este aquecedor não só aquecia o térreo, como também o primeiro andar, que é muito mais silencioso. Simone de Beauvoir, que costumava frequentar o Dôme em Montparnasse, rapidamente se habituou a sentar-se numa das dezenas de mesas do primeiro andar para ali trabalhar. O diretor deixava ela e alguns outros clientes assíduos ficarem o dia todo sem consumir muito.

Por serem menos célebres até o momento, os cafés de Saint-Germain-des-Prés atraiam menos oficiais alemães da Wehrmacht que os cafés de Montparnasse e assim os escritores e pensadores da época podiam trabalhar nele com certa paz de espírito. Por indicação de sua mulher Simone de Beauvoir, Jean-Paul Sartre chegou em 1941 ao Café de Flore. Ele vinha de  alguns meses passados no exército francês e num campo de detenção na Alemanha.
O casal fez dali o seu quartel-general/escritório durante o dia e sala de reunião noite.

café de flore
Boris e Michelle Vian acompanhados de Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir, Café de Flore 1949 © MANCIET/SIPA

Rapidamente se juntaram a eles: Albert Camus, Raymond Aron, Maurice Merleau-Ponty. O primeiro andar de Le Flore então, se viu composto quase inteiramente de existencialistas  silenciosamente instalados para escrever suas respectivas obras. Sartre até tinha, conta-se, uma linha especial para os seus telefonemas!

café de Flore
Dedicatória de Jean-Paul Sartre a Paul Boubal, diretor do Café de Flore.

Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir adquiriram sua notoriedade ao mesmo tempo em que se tornaram “pilares” do Flore. No final da guerra, o lugar foi transformado no epicentro da vida artística e intelectual parisiense. Reunindo jovens artistas, pensadores e amantes do jazz. Durante alguns anos, Boris Vian, Léo Ferré e Jacques Prévert fizeram de lá a sua casa.

No entanto, à medida que os anos passaram e a atmosfera mudou. O lugar continua a atrair artistas e intelectuais, mas eles vêm cada vez menos para encontrar um lugar agradável para ficar, escrever e trabalhar e mais e mais para ver e ser visto. Hoje, uma tarte Tatin custa 15 €, uma salada Caesar não sai por menos de 20 €.  Estamos longe da época onde os frequentadores buscavam apenas um lugar mais aquecido do que suas próprias casas. Mesmo  assim vale a visita. Se for não deixe de provar emblemático e excelente chocolate quente do Le Flore, a simpáticos 7 €

Café de Flore
Chocolate quente Café de Flore

Café de Flore – 172 boulevard Saint-Germain, 75006
Metro: Saint-Germain-des-Prés (linha 4)

 

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