A questão não era mais “se”, mas “quando”.
Os inspetores do guia Michelin esperaram precisamente dez anos antes de atualizar o restaurante de duas para três estrelas. Fato que o guia Gault & Millau poderá gabar-se de ter colocado o grande vencedor Guia Michelin 2023 em um pedestal no final de 2016 com o título de “Chef do Ano”, mas isso por hoje não interessa. O que interessa hoje é Alexandre Couillon, 47 anos, chef-proprietário de La Marine localizado na ilha de Noirmoutier, Vendée.
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É preciso coragem e um pouco de loucura para assumir o restaurante familiar aos 23 anos de idade e vender mexilhões e sopas de peixe enquanto termina seu Tour de France pelos melhores restaurantes daFrança. Naquela época, Alexandre Couillon preparava tortas de pato com trufas e outras especialidades no Les Près d’Eugénie com um certo Michel Guérard, 3 estrelas em Landes, ou então fazia parte de uma brigada que incluía outros monstros sagrados da gastronomia francesa como Arnaud Donckele e Christopher Coutanceau.
Antes disso, ele suou nos fornos de Georges Paineau, um chef esquecido que, no entanto, deu duas estrelas Michelin para a minha querida Bretanha.
De Noirmoutier a Dakar a Noirmoutier
Alexandre Couillon cresceu com seu restaurante na ilha de Noirmoutier. Um lugar que originalmente era um café dirigido por uma senhora chamada Elise, que segundo a lenda, costumava chutar os parisienses para fora do lugar. Os pais Couillon assumiram o negócio depois de passar um tempo na África: o pai era um pescador-mecânico e aos 19 anos de idade seguiu alguns homens que tinham ido pescar camarões na costa senegalesa. O passaporte do filho mostra Dakar como seu local de nascimento. Mas a família do pai era originalmente de Noirmoutier e o casal sentiu muita falta de casa, então decidiram voltar para sua terra natal transformando o café em um restaurante sazonal com comida caseira.
Rádio Alouette e cardápio de 18,50 euros
Após algum trabalho, Alexandre Couillon substituiu seus pais, com sua esposa Céline no salão recebendo os clientes, em 1999. Pode-se imaginar os verões bem sucedidos e periodos difíceis. A dúvida se instalava porque o anonimato durou quase 5 anos. Um Bib Gourmand chega 2002, mas levará mais três anos para um artigo brilhante no jornal Le Point esquentar os negocios e mais dois anos para ver uma estrela Michelin brilhando no Restaurante La Marinha de Alexandre Couillon. O Chef conta que ouviu a notícia da primeira estrela Michelin no rádio, na estação regional Alouette. Uma época em que os clientes ainda podiam desfrutar de menu de 18,50 euros.
O petroleiro no prato e consagração
Em 2013, chega a segunda estrela. La Marine está fazendo fama em todo o mundo, mas é a partir de setembro de 2016 que a fama do restaurante voa para os céus: Netflix escolhe o chef Alexandre Couillon para a série documental Chef’s Table disponível para seus quase 90 milhões de assinantes em todo o mundo. O episódio de 45 minutos é fascinante, e nele descobrimos a ostra Erika, um prato inventado após o afundamento do petroleiro de mesmo nome que assolou a costa atlântica no mesmo ano da aquisição do jovem Couillon, poluindo 450 quilómetros do litoral e causando prejuízos incalculáveis à vida selvagem e impactando entre 150.000 e 300.000 aves e de acordo com reportagens da época. Uma ostra negra fria escalfada em um caldo de toucinho de Colonnata e lula, com pérolas de tapioca aciduladas, uma chuva fina de açúcar que representa a reminiscência da madrepérola
3 estrelas, enfim
No ano passado, em Cognac Alexandre Couillon e seu chef patisserie foi a cerimonia da entrega das estrelas do guia Michelin e saiu com um prêmio especial de sobremesas mas nenhuma terceira estrela… Ainda não.
Agora ele foi premiado. Um homem tocante que fala rápido, mas que foi paciente. “Minha casa”, diz ele ao falar de seu restaurante. Uma casa que agora se junta ao clube seleto dos 29 melhores restaurantes da França, segundo o guia vermelho.
La Marine. 3, rue Marie-Lemonnier, Noirmoutier-en-l’Île, Vendée.
Tel.: 02 51 39 23 09.
Menus à 140 (6 services) e 230 € (9 services).
Fechado de domingo a terça feira
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