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Champagne: tudo que você precisa saber antes de visitar a região

Descubra a origem do Champagne, sua historia, modo de produção e dicas de viagem para quem quer visitar

A região de Champagne está localizada a cerca de 90 km de Paris. Por sua proximidade, visitar essa região é sem dúvida uma ótima opção de viagem de um dia partindo de Paris. Paris-Champagne é um trajeto que pode ser feito de trem. Há opções diárias que partem da estação Gare du Nord diretamente as cidades de Reims ou Epernay. Você pode comprar as passagens no site da SNCF.

Mas, se a idéia é aproveitar ao máximo este dia, conhecer as principais caves, explorar bem a região, sugerimos fortemente que a viagem seja feita de carro pois mesmo em apenas um dia é possível fazer uma visita extraordinária. No nosso passeio exclusivo: Visita a Champagne com Sommelier, você será guiado por vinhedos, castelos, aldeias e igrejas espetaculares e inóspitas.

Champagne, bebida dos Reis

A tradição do vinho em Champagne é bastante antiga: remonta ao tempo dos romanos. Foram eles que plantaram as primeiras videiras. A vinha de Champagne foi então mantida graças à atenção dada pelo clero e em particular as comunidades religiosas de Reims e Châlons.

Sabe-se que o primeiro rei da França, Clovis, por um mistura de política e localização geográfica foi sagrado rei em Champagne e por consequência, sua coroação foi banhada a vinhos da região na véspera de Natal do ano 496. Alguns anos depois (e até o século XIX), após abrigar dezenas de casamentos e festividades reais, a cidade de Reims, no coração da região de Champagne, tornou-se oficialmente o lugar do coração dos reis da França.

Rapidamente seu sucesso estendeu-se às elites aristocráticas de todo o mundo e século XIX graças ao dinamismo e a força das Maisons produtoras de Champanhe, a bebida se tornou o símbolo do espírito francês. No entanto, vale ressaltar que o Champagne como conhecemos hoje não apareceu até o século XVII, quando os produtores começaram a controlar a efervescência natural do vinho.

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A história do Champagne e sua invenção

Você provavelmente já ouviu dizer que foi o monge Dom Pérignon quem inventou o Champagne. A história infelizmente não é bem assim… Dom Pérignon, monge do mosteiro de St. Pierre d’Hautvillers de 1668 até sua morte em 1715, foi de fato um dos primeiros na Champagne a adotar uma abordagem fundamentada para o desenvolvimento dos vinhos. Dom Pérignon contribuiu principalmente para implementar a delicada arte do assemblage e também foi o primeiro, pelo menos na Champagne, a utilizar rolhas para substituir o broquelet (rolha de madeira cheia de cânhamo), o que permitia um fechamento mais hermético das garrafas.

No entanto, o desenvolvimento de vinhos espumantes requer o controle de muitos outros parâmetros, como a presença de açúcar em quantidade constante no ou o uso de garrafas que podem suportar a pressão interna gerada do processo de fermentação na garrafa. Na época de Dom Pérignon, esse domínio não existia.

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Para se ter uma ideia, nessa época, ainda nem falávamos de espumantes. Os vinhos eram elaborados e transportados em barris. E frequentemente uma segunda fermentação desses vinhos era desencadeada naturalmente dentro dos barris dependendo da temperatura externa e da quantidade de açúcar residual. Foi assim que os espumantes surgiram pela primeira vez, de maneira natural e sem controle do processo. E por incrível que pareça, os primeiros a tentar controlar essa efervescência foram provavelmente os ingleses…
No século XVII, os vinhos viajavam da França para a Inglaterra principalmente em barris de madeira. Eles espumavam dentro dos barris, principalmente em períodos de temperatura mais elevada. Os ingleses na época sabiam como fazer garrafas muito mais resistentes do que as projetadas na França. Elas eram mais grossas e tinham um longo pescoço. O uso dessas garrafas permitiu que o vinho espumasse dentro da garrafa, criando o vinho espumante como conhecemos hoje.

Como é feito o Champagne ?

Em primeiro lugar, o champanhe é um vinho feito a partir de uvas Chardonnay, Pinot Meunier e Pinot Noir. Fazemos a vindima, colocamos nossas uvas no tanque e vamos para a fermentação, como um vinho clássico. Quando esta etapa estiver concluída, vem a assemblage, a mistura dos diferentes vinhos. Uma importante diferença no champanhe é possível misturar uvas de diferentes anos/safras, em função do estilo de Champagne pretendido.

Cada casa de champanhe, cada enólogo, tem seu próprio estilo de champanhe e, portanto, usa métodos diferentes. Alguns podem trabalhar com monocastas, outros podem misturar diferentes tipos de uvas. Uma vez terminada a assemblage, colocamos esses vinhos em garrafa e adicionamos um pouco de licor (açúcar misturado com um vinho velho) para obter uma doçura no vinho e especialmente criar as condições necessárias para que as bactérias iniciem o processo de fermentação. A seguir, fechamos hermeticamente essas garrafas e as deixamos quietas no porão.

Uma segunda fermentação começa na garrafa. Graças ao licor adicionado, o açúcar contido no vinho se transformará em álcool e em dióxido de carbono. O dióxido de carbono nada mais é do que as bolhas que observamos em todos os vinhos espumantes. Depois, as garrafas são armazenadas durante vários meses. Durante o período de envelhecimento em garrafa a Champagne não pode ficar parada. E necessário mexer a garrafa. As garrafas ficam inclinadas para baixo e todos os dias durante 3 meses elas são giradas um quarto de volta. A garrafa pode permanecer vários anos nesse processo para um resultado com maior complexidade.

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E por fim chegamos a uma etapa fundamental na fabricação do Champagne: a expulsão dos depósitos. O gargalo da garrafa é colocado com todo o depósito em uma mistura congelada de nitrogênio. O depósito é transformado em um cubo de gelo e será expelido na abertura sob a pressão do dióxido de carbono contido na garrafa por vários meses ou anos. Nesse processo, há sempre uma pequena quantidade de vinho que escapa durante o descarte. Para substituir esse vazio, o enólogo acrescenta uma quantidade de açúcar, o chamado licor de expedição. Este último pode ser mais ou menos “dosado” em açucar. Entre 33 e 50 gramas de açúcar será obtido um champanhe meio seco, entre 6 e 15 gramas, um champagne brut e, finalmente, entre 0 e 6 gramas, é um champagne extra-brut ou não-dosado ou natureza.

Champagne Patrimônio Mundial

Nada, em nenhum lugar do mundo é como na Champagne.

Não é apenas a bebida efervescente que faz a região merecer uma visita. Sua resiliência durante a Primeira Guerra Mundial, combinada com sua longa história de vinificação, é o que levou partes da Champanhe, juntamente com suas casas e adegas, a receberam a distinção de Patrimônio Mundial por seu valor universal excepcional.

Quando você passear pelas cavernas de giz que pertencem a algumas das Maisons, você literalmente caminhará por um pedaço da história. Durante a guerra, essas pedreiras subterrâneas não só atuaram como abrigo contra bombardeios, mas também serviram como casas, escolas, hospitais (marcações nas paredes que denotam tais instituições ainda são visíveis) e uma maneira de se comunicar sem serem detectadas pelo inimigo.

Não o bastante, a UNESCO também reconhece que os detalhes necessários para alcançar um produto de excelência, o sistema usado para levar uma colheita artesanal a uma produção vendida em todo o mundo sem perder sua essência também é um patrimônio mundial da humanidade.

Reims, Ardenne, França

Reims é a porta de entrada da Champagne e também a maior cidade da região da Champagne. Poucas pessoas sabem, mas Reims possui o título de “Grandes Cidades das Artes e História” dado pelo governo francês.

reims champagne

O que fazer em Reims?

Começe sua visita a Reims pela Catedral de Notre-Dame, ali foi o local de coroação dos reis da França por mais de 800 anos. Ao sair de lá deixe de visitar a Abadia de Saint-Remi e o Palácio de Tau que também são considerados joias arquitetônicas.  Além disso, Reims tem ruínas romanas em excelente estado de conservação que podem ser facilmente visitadas.

Inclusive, algumas caves de Champagne que ali se encontram são antigas pedreiras romanas e enquanto outras foram escavadas no século XIII por monges beneditinos.

Nunca é demais lembrar que algumas das mais famosas casas de Champanhe estão localizadas dentro dos limites da cidade. Enquanto estiver na cidade, faça planos para visitar Taittinger, MUMM, Lanson, Ruinart, Veuve Clicquot, G.H. Martel e entre outras.

A comida também ocupa um lugar central na região. Place Drouet d’Erlon, uma praça de pedestres no coração da cidade de Reims, é repleta de restaurantes, cafés, lojas de queijos e chocolate. O Café du Palace surpreende com o seu estilo Art Deco e o Le Millenaire com a sua estética contemporânea. Aqueles em busca de produtos frescos devem visitar o mercado Halles du Boulingrin. O biscoito Rosa de Reims, famoso biscoito da região é tradicionalmente mergulhado no Champagne e se difere porque não se quebra quando umedecido. Adquiriu sua cor rosa quando os confeiteiros buscavam cobrir os pontinhos pretos deixados pelas vagens de baunilha.

Epernay, a capital do Champagne na França

Epernay, é considerada a capital do Champagne, porque é o principal porto comercial do produto. A cidade mantém cerca 200 milhões de garrafas de champanhe nos 110 km de suas adegas subterrâneas.

epernay champagne

A principal atração em Epernay é a Avenue de Champagne, uma rua que leva o nome dos principais produtores de champanhe do mundo, localizados em sua extensão. Moët et Chandon, Mercier, De Castellane e Lafond são alguns dos nomes reconhecidos nesta avenida.

Não podemos, no entanto, deixar de mencionar que há mais de 15.000 viticultores na região. Alguns vendem sua produção de uvas para diferentes marcas de champanhe, enquanto outros produzem seus próprios Champagnes.

No nosso passeio: Visita a Champagne com Sommelier além das grandes marcas de Champagne, visitamos também as pequenas caves de produção artesanais, menos populares. Até para título de comparação de sabor, métodos de produção e distribuição.

Principais marcas de Champagne

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Maison Ruinart
A Maison Ruinart foi primeira casa a ser estabelecida em Champagne, existe desde 1729 e é reconhecida pela forma única de suas garrafas. Uma vez que você desça para as caves você certamente irá se admirar com o labirinto de câmaras a uma profundidade de mais de 35 metros. Em toda a propriedade, você encontrará obras de arte.  A marca já trabalhou com diversos artistas desde 2006 para encomendar peças especiais, incluindo Dustin Yellin e Maarten Baas.

Maison Perrier-Jouët
Além de produzir um dos melhores Champagnes do mundo a Maison Perrier-Jouët também abriga a maior coleção privada de Art Nouveau da Europa. No entanto, o que talvez seja mais cativante são as peças contemporâneas salpicadas em toda a Maison, um forte contraste com a casa decorada em estilo clássico francês. Além, é claro, de uma adega que abriga safras que datam de 1825.

Maison  Billecart-Salmon
Billecart-Salmon, é uma propriedade familiar em sua sexta geração, a casa é dirigida por François Roland-Billecart, que mora na propriedade, assim como seu pai. A Maison agrega os vinhedos, uma excelente adega e um exuberante jardim. Se você está procurando por um brut rosé notável, este é o lugar.

Maison Veuve Clicquot
Madame Clicquot, que assumiu a casa de champanhe aos 27 anos de idade após a morte prematura de seu marido, fez grandes progressos no mundo da vinicultura. Ela criou a primeira safra de espumante registrada na região e inventou a mesa de limpeza, um método de dissipar sedimentos de levedura das garrafas que ainda é usado hoje.

Maison Dom Pérignon
Dom Pérignon – cujo “fundador”, Dom Pierre Pérignon considerado como o pai do champanhe –  oferece uma nova maneira de descobrir sua marca através de sessões interativas com especialistas da casa. O « Atelier Dom Pérignon » foi concebido para criar um relacionamento mais íntimo com o universo Dom Pérignon, baseado no “experimental” e destinado a amadores curiosos e apaixonados.

Maison Moët & Chandon
As caves Moët & Chandon, oferecem o testemunho único de vários séculos de desenvolvimento destes champanhes mundialmente famosos, o talento dos enólogos e a herança de um know-how transmitido de geração em geração pelos mestres de cave. Imagine você que Napoleão Bonaparte fez desta sua casa favorita, criando inclusive sua safra “Imperial Moët & Chandon”.

Maison Krug
Johann Josef Krug criou esta casa em 1843 e logo construiu uma grande reputação. Não à toa a Maison continua familiar há 6 gerações. Seus Champagnes possuem um grande diferencial : seus vinhos são sempre envelhecidos pelo menos seis anos de com uma vinificação em pequenos barris. O resultado é um estrondoso de equilíbrio de sabor e um Champagne praticamente impossível de superar.

Algumas dúvidas sobre o Champanhe

Champagne x Espumante
Todo o Champanhe é espumante. Porém nem todo espumante é Champagne. Em reconhecimento à sua rica história, os vinhedos de Champagne são considerados uma denominação de origem controlada. Você não pode rotular uma garrafa de champanhe a menos que seja feita dentro dos 34.300 hectares da região e usando suas videiras Pinot noir, Chardonnay e Pinot Meunier. A área foi agraciada com o clima e a qualidade do solo ideais para cultivar uvas superiores e criar o ambiente perfeito para o amadurecimento do champanhe.

Champagne ou Champanhe?
A palavra champanhe em português tem sua origem na palavra francesa champagne. A palavra foi aportuguesada com base na pronúncia e nas regras da língua portuguesa.

A Champanhe ou O Champanhe ?
Há uma pequena polêmica com relação ao gênero da palavra champanhe. Alguns estudiosos afirmam que champanhe é um substantivo masculino e outros afirmam que champanhe é um substantivo de dois gêneros, correto dizer o champanhe ou a champanhe.
Vale lembrar que, esses estudiosos defendem que a palavra champanha, forma variante de champanhe, mesmo terminada na vogal a, é um substantivo masculino, logo o certo, neste caso, seria o champanha.

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